quarta-feira, 11 de maio de 2011

6º Fichamento

A estreita relação entre diabetes e doença periodontal inflamatória

Autores: Anagélica Tolentino Madeiro, Fabiana Guedes Bandeira, Cláudia Roberta Leite Vieira de Figueiredo.

Odontologia. Clín.-Científ., Recife, 4 (1): 07-12, jan/abr., 2005

“O diabetes Mellitus é uma desordem patológica de origem endócrina que provoca inúmeras alterações de ordem sistêmica.” (p. 7)

“O Diabetes Mellitus (DM) é uma das doenças mais freqüentes nas sociedades modernas. É importante destacar que cerca de 7,6% da população brasileira é portadora do diabetes e 46% dos que apresentam tal patologia, ainda não foram diagnosticados.” (p. 8)

“É certo que muitos diabéticos desconhecem que a boa higiene oral pode se transformar numa excelente aliada no controle da glicemia e melhorar a qualidade de vida dos doentes.” (p. 8)

“O Diabetes Mellitus pode ser conceituado como uma alteração metabólica caracterizada por hiperglicemia e glicosúria, refletindo uma distorção no equilíbrio entre a utilização de glicose pelos tecidos, liberação de glicose pelo fígado, produção e liberação de hormônios pancreáticos, da hipófise anterior e da supra renal.”(p. 8)

“Constitui uma síndrome caracterizada por ausência relativa ou absoluta de insulina, pela alteração do metabolismo de carboidratos, proteínas e gorduras. As alterações nos níveis da insulina podem ser devidas à produção de antagonistas que inibem sua ação, à interferência de outros hormônios, à diminuição ou ausência de receptores para este hormônio, ou mesmo a sua incapacidade de produção pelo pâncreas.” (p. 8)

“A insulina é produzida pelas células beta das ilhotas de Langerhans cuja principal função é facilitar e permitir a interação e absorção da glicose através das membranas das células adiposas, hepáticas1,4,8,9 e musculares4.” (p. 8)

“A insulina é um hormônio protéico4,5,8,9 cujas funções principais são: impedir que a taxa de açúcar no sangue, a glicemia, venha a ultrapassar, após a alimentação, os valores de 160-180 mg/dl 5; armazenar glicose no fígado e nos músculos na forma de glicogênio; participar do crescimento ósseo, muscular e de vários órgãos.” (p. 8)

“A insulina promove a utilização da glicose, a síntese das proteínas e a formação e armazenamento de lipídeos neutros4,5,9. Participa como catalisador da biossíntese de ácido hialurônico, que é uma glicoproteína sintetizada pelos fibroblastos e osteoblastos, previamente ao colágeno.” (p. 8)

“Quando a quantidade de insulina é pequena, como ocorre nos pacientes diabéticos não-compensados, a reparação dos tecidos lesados é mais lenta. A mobilidade dos tecidos na cavidade bucal é naturalmente acentuada devido à fonação e, especialmente, à mastigação dos alimentos.” (p. 8)

“No paciente diabético nãocompensado, a síntese de colágeno é mais lenta, o que significa maior facilidade para deiscência e contaminação de feridas cirúrgicas, causando retardo da reparação.” (p. 8)

“Existem dois tipos de Diabetes Mellitus primário ou idiopático:
· Tipo I: Diabetes Mellitus insulino-dependente (tipo juvenil ). Esse tipo corresponde a uma fração de 10% dos diabéticos. Geralmente aparece antes dos 25 anos de idade. É uma condição mais grave que o diabetes do tipo II e as complicações são mais presentes. Geralmente está associado a um fator hereditário. É sempre sintomático, manifestando-se por poliúria, polidipsia, polifagia e cetoacidose, como resultado de distúrbios metabólicos. Os níveis de proteínas plasmáticas são baixos ou ausentes e os do glucagon, elevados.” (p. 8)

“Tipo II: Aparece na vida adulta, ou seja, geralmente após os 40 anos de idade. 90% dos diabéticos são do tipo II. Esse tipo de diabetes é causado pela resistência dos tecidos periféricos à insulina. As principais causas são obesidade e o envelhecimento. Como regra, não depende de insulina exógena para seu controle ou para prevenção da cetoacidose, porém requer seu uso para correção da hiperglicemia persistente que não responde à dieta apropriada ou a hipoglicemiantes orais. A insulina plasmática mantém-se normal ou elevada.” (p. 8)

“O fator determinante da doença periodontal é o biofilme dental (placa bacteriana), cujos efeitos são agravados frente às alterações histopatológicas e metabólicas características do diabetes2,8.” (p. 9)

“Graus variáveis de inflamação podem ser encontrados relacionados a um controle insatisfatório de placa. Alterações no ambiente subgengival, tais como aumento dos níveis da glicose e uréia no fluido crevicular gengival, favorecem o crescimento de algumas espécies bacterianas.” (p. 9)

“O espessamento dos vasos do periodonto dificulta o transporte de elementos nutritivos à intimidade dos tecidos, fazendo-os mais vulneráveis aos produtos de agressão microbiana e a maior severidade da enfermidade periodontal.” (p. 9)

“O diabetes compromete a produção da matriz óssea pelos osteoblastos, diminui a síntese de colágeno pelos fibroblastos gengivais, além de aumentar a atividade da colagenase gengival. O difícil controle da cicatrização tecidual no diabético decorre da presença de hiperglicemia, microangiopatias, acidez metabólica, fagocitose ineficaz pelos polimorfonucleares e macrófagos.” (p. 9)

“A colaboração entre o cirurgião-dentista e o endocrinologista é indispensável para o bom andamento do tratamento dos pacientes diabéticos.” (p. 10)

“Nos pacientes diabéticos não controlados e com precário controle de placa bacteriana, a doença periodontal se instala mais rapidamente e
é mais severa.” (p. 10)
“Devido a suas inúmeras complicações, tornase fundamental que o clínico-geral e o periodontista saibam das limitações, alterações e distúrbios que os pacientes diabéticos não compensados podem
apresentar.” (p. 10)
“O encaminhamento do paciente ao médico endocrinologista visa uma avaliação e o estabelecimento de um tratamento que inclua o uso de hipoglicemiantes orais ou de insulina e a orientação de uma dieta alimentar adequada ao paciente.” (p. 10)

“Deve haver cautela do cirurgião-dentista quanto à administração profilática com posologia terapêutica de antibióticos, devido aos tipos de microorganismos mais freqüentes na microflora bucal. Nos procedimentos pré-operatórios devese fazer o uso, com prioridade, quando possível, das penicilinas; A aplicação periódica do flúor deve
ser programada principalmente para os pacientes que têm pouca salivação, alteração freqüente nos portadores de diabetes.” (p. 10)

“O tratamento periodontal e a antibioticoterapia são uma opção para o controle glicêmico do diabetes; pacientes controlados podem ser tratados como pacientes não portadores de diabetes, sejam eles insulino-dependentes ou não.” (p. 10)

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